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  As últimas sondagens, levadas a cabo neste mês de Junho (ver imagem), revelam uma tendência preocupante: uma subida considerável das intenções de voto no Partido Socialista e no Partido Comunista Português - que, juntos, acrescente-se, já perfazem 50% das intenções de voto do eleitorado português.

  Uma tendência preocupante, digo eu. Porque estou em crer que uma crise causada pelo omnipresente, omnisciente e omnipotente Estado intervencionista (o «Leviatã», na acepção hobbesiana), não encontrará a sua solução em partidos geneticamente despesistas. A - muy mal interpretada, diga-se - receita keynesiana, que entranhou burocracia e investimento público nefasto na nossa economia, que desconfiou das apetências dos nossos empresários, que retraiu todo o tipo de investimento privado e que esbulhou incomensuravelmente os contribuintes portugueses, criou no país uma realidade que de real tem muito pouco. O «longo prazo» - que os socialistas criam/queriam adiado para o dia do Juízo Final - acabou por chegar mais cedo.

  Aqui chegados, urge desfazer um mito: o do «efeito multiplicador» - que conduziu Portugal ao longo dos últimos 30 anos -, que nos explica que o investimento público é necessário para dinamizar uma economia. E aqui falamos, como qualquer português bem deve saber, na construção de novas autoestradas, barragens, pontes, aeroportos, etc (no fundo, na receita socrática), que, no plano teórico, deveriam estimular a produção e obrigar os empregadores a contratarem mais pessoal. Esta narrativa é apetecível. Mas olvida um facto: o dinheiro extra destinado a estimular a economia tem de vir de algum lado. Se mais despesa pública implica maior carga fiscal, o pretenso estímulo ganho num dos lados, perder-se-à no outro (já que os trabalhadores contribuintes passam a ter menos dinheiro para gastar).

  Este é um dos motivos pelo qual tremo quando oiço António José Seguro falar em "aposta no crescimento": vamos continuar a servir-nos de um Estado com uma dívida pública de quase 130% do seu PIB para ressuscitar uma economia? Com isto não quero dizer que não considero imperioso o crescimento económico; mas que é utópico considerarmos que conseguimos curar uma ressaca ingerindo mais bebida. Pelo contrário, ainda que, num primeiro momento, nos consideremos melhor, a - inevitável - ressaca (o ajustamento) será muito mais dolorosa. 

  As pessoas e as empresas não pedem - ou, pelo menos, não deveriam pedir - incentivos do Estado. O que todos deveríamos pedir era que o Estado não fosse um entrave aos nossos investimentos e, muito menos, uma "dinheirossuga" dos nossos rendimentos - como, neste momento, está a ser. Nesse sentido, não devemos deixar de aplaudir a criação da comissão para a reforma do IRC, liderada por Lobo Xavier.

  É lamentável que Vitor Gaspar apenas agora compreenda (ou reconheça) que a reforma da Administração Pública deveria ter sido uma prioridade desde o início do mandato. Ainda assim, mais vale tarde do que nunca. E a verdade - como todos bem sabemos - é que o PS nunca será capaz de reformar a nossa Administração Pública. É compreensível: algum de nós exigiria a Margaret Thatcher que nacionalizasse a Banca?

  O sentimento dos portugueses é compreensível e legítimo. Traduz-se, mais ou menos, naquela velha ideia de que "nada pode ser pior do que isto". Mas, infelizmente, pode: basta - estou em crer - que os resultados destas sondagens se confirmem nas próximas eleições legislativas. Mormente se pensarmos que, por essa altura, o Triunvirato já não andará por estas bandas para controlar os gastos públicos a que os socialistas sempre recorrem para superar uma crise... Deus nos livre.

P.S. - As sondagens valem o que valem... (o CDS que o diga).
P.S. 2 - Com este post, não quero dizer que estou de acordo com a política deste Governo. Esse é um tema para um futuro post.

Por: Pedro Morais Vaz




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